Neurobiologia da Adição
- Maria João Gonçalves
- 25 de ago. de 2023
- 2 min de leitura

Continuando o tema do post anterior sobre adições, hoje quero falar-vos da neurobiologia das adições, de forma simplicificada, uma vez que é um tema complexo. Relembrar que a adição não é uma escolha, é uma doença crónica, involuntária. A verdade é que com o consumo crescente de substâncias o nosso cérebro vai-se alterando. Atividades ditas saudáveis, como praticar exercício físico, comer, sexo ou estarmos com alguém que gostamos, levam à produção de neurotransmissores (como a dopamina, serotonina) que nos fazem sentir bem, felizes, ativando o nosso sistema de prazer/recompensa. É com base nisto que esses comportamentos se vão mantendo e repetindo no tempo - é recompensado. Este sistema de recompensa serve-nos ou deveria servir-nos para promover comportamentos que mantêm a nossa sobrevivência. Como exercício físico, comer, sexo, rodearmo-nos com pessoas construtivas. Fazemos determinado comportamento - libertamos dopamina - sentimo-nos bem - queremos repetir.
A realidade é que o cérebro de um adito acaba por mostrar alterações neste sistema de recompensa, fazendo com que existam reações diferentes. Quando substâncias, como as drogas e o álcool, estão presentes, acabam por “raptar”, suprimir este sistema, impedindo-nos de sentir prazer e bem-estar nas atividades diárias que antes nos faziam sentir bem. Assim, para que nos possamos sentir novamente “em alta” é necessária uma elevada estimulação, proveniente das drogas. Quando as pessoas consomem substâncias, os níveis de dopamina aumentam drasticamente, mas em fases de abstinência há um decréscimo acentuado - o que leva a sintomas depressivos e a uma perda de interesse pelas atividades diárias. À medida que o tempo passa, são necessárias maiores quantidades ou até tipo de substâncias mais “pesadas” para que exista a ativação do sistema de recompensa (falamos aqui da tolerância às substâncias). E associados surgem diferentes riscos e problemas, como necessidade de ter acesso a quantidades de dinheiro elevadas para pagar as grandes quantidades de substâncias, mentir e negar a existência de um problema e dependência, entre outros. Não esquecendo o risco de overdose com o aumento da quantidade, mistura de substâncias ou uso de novas.
Há ajuda disponível.
~MJ ~
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