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O que são os limites?

  • Maria João Gonçalves
  • 14 de mai. de 2023
  • 3 min de leitura

Este ano e tal de ausência significou uma data de novas aprendizagens, perspetivas, pessoas. Sobretudo pessoas e o ganhar de uma certeza: as relações que estabelecemos são essenciais, para o bem e para o mal.

Limites com os outros, limites connosco mesmos. Tantos tipos de limites e de formas de os classificarmos. A verdade é que parte da razão desta minha ausência por aqui surge de um ato de imposição de limites a mim própria para que tudo pudesse continuar a andar, somos humanos, não somos máquinas e por vezes temos de fazer escolhas e estabelecer prioridades pelo bem da nossa saúde mental.

Pois bem, colocarmos e impormos limites, a nós e aos outros, pode e é, muitas vezes, um desafio, grande parte das vezes por falta de modelos que nos ensinem como o fazer. Os limites que estabelecemos com os outros e connosco mesmos são protetores, permitem definir até onde podemos ir sem prejuízo, sem perdas, sem dificuldades começarem a surgir. No entanto, para que possamos impor os nossos limites aos outros temos primeiro que os conhecer e isso requer um processo de autoconhecimento, percebermos com o que conseguimos lidar ou não, revermos quais são os nossos principais valores, conectarmo-nos com as nossas emoções e deixarmos que elas nos indiquem se a situação em que estamos é construtiva ou não. É verdade, as nossas emoções servem também como sinais de alerta, que muitas vezes tentamos ignorar, quando na realidade têm alguma utilidade e claramente um propósito para estar ali. Só sabemos os nossos limites se nos permitirmos pensar sobre eles, se perdermos o medo de nos questionarmos e de sabermos respostas. Estabelecermos os nossos limites de forma clara e assertiva ajuda-nos a evitar situações de desconforto, em que somos colocados em posições desagradáveis e nocivas para nós. O estabelecimento de limites vem muitas vezes de mão dada com a palavra “não” e a capacidade de a usarmos a nosso favor, livres do julgamento ou da necessidade de justificarmos esse não.

Os nossos limites são válidos, a questão é que em algumas situações nós somos os primeiros a pô-los de parte. Porquê? Porque é que tendemos a ignorar e cruzar/deixar cruzar algo que, à partida, nos protege? São muitas as razões, algumas possibilidades podem relacionar-se com o medo da rejeição, medo de ameaça/violência/abuso ou qualquer outra represália que possa resultar da não concordância ou cedência ao outro, comparação dos nossos limites com os dos outros e acharmos que devemos ser mais permissivos. A realidade é que cada pessoa tem os seus limites e estes são o resultado de diversas variáveis, como personalidade, experiências passadas, traumas, valores e crenças. Posto isto, cada pessoa terá limites diferentes e igualmente válidos se forem estabelecidos pelo próprio e não condicionados por opiniões ou standards alheios, sem perturbarem os limites de outros.

O respeito pelos limites deve ser tido em conta no estabelecimento de relações com outros, independentemente do tipo de relação a considerar. Uma relação em que os limites da pessoa são ultrapassados, manipulados e desvalorizados não será uma interação e conexão saudável. É por isso que é importante sabermos quais são os nossos limites para que consigamos identificar determinadas “red flags” ou alertas para potenciais problemas. Abdicar de valores e perspetivas não devia ser uma condição para que uma relação funcione. Aliás, deveríamos rodear-nos de pessoas que promovem e defendem os nossos limites, ao invés de os derrubarem. Isto acaba por nos levar a uma parte muito importante: sermos parte ativa na implementação e defesa dos nossos limites. Sermos cuidadosos na hora de os impor, com clareza e assertividade, não flexibilizando em excesso os nossos limites para agradar ao outro e mantendo e sendo parte ativa na sua manutenção. Os limites existem por alguma razão. Todos nós temos um limite físico e mental, por exemplo, no trabalho e, sendo esse limite ultrapassado, acabam por existir prejuízos: noites mal dormidas, burnout, performance inferior no trabalho, etc. O limite está ali para nos indicar que ir adiante pode ser nocivo, mas cabe-nos decidir o que fazer com os sinais de alerta que vão surgindo, como o desconforto, cansaço, culpa, overthinking, entre outros. Estabelecer limites requer prática, mas é algo importante e impactante na nossa saúde mental, ajudando-nos a fomentar e focarmo-nos em relações mais construtivas e a envolvermo-nos connosco e com os outros com uma postura de maior compaixão.


Com desejos de que possam ativamente colocar os vossos limites,

MJ.

 
 
 

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